De todos os trabalhos posteriores ao fim da Legião Urbana, acho que esse é o mais primoroso dentre os trabalhos dos ex-integrantes da banda.
Marcelo Bonfá une uma refinada poesia [pitadas de Fernando Pessoa são nítidas em algumas letras, como nos versos "Navegar é preciso e viver é um tanto impreciso" (O Veleiro de Cristal) ou "Sei que tenho em mim todos os sonhos do mundo" (Todos os Sonhos do Mundo)], arranjos bem elaborados e atmosferas que oscilam entre a melancolia, a solidão e a esperança. Isso tudo aliado, acima de tudo, a uma sonoridade que, em um sentido holístico, possui um conjunto de detalhes e timbres que me capturaram desde a primeira canção do álbum.
"O Barco Além do Sol", lançado naquele clima de fim de século (2000), é daquele tipo de álbum que você começa a ouvir despretensiosamente, mas logo se vê envolvido numa cápsula sonora que te faz viajar para espaços e tempos interiores que você nem suspeitava que existissem dentro de você...
O Veleiro de Cristal
(Marcelo Bonfá)
(Marcelo Bonfá)
"Mistério, esse não-saber
A vida, este sonho
O silêncio faz a verdade aparecer
Algumas vidas se juntam e se completam/
Outras se cruzam sem se tocar/
Tudo o que queremos é nunca mais ter que dizer adeus..."
Álbum completo:O Barco Além do Sol (2000) - youtube
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