Faço poesia como idioma próprio.
Detesto dicionários e suas expressões domadas,
Escrevo alucinações da palavra,
Iluminações do meu intraduzível silêncio.
Clarões fazem parte da minha inconfessada intuição.
Assassino a língua mórbida e rotineira para redimir a poesia,
Esse é meu próprio Inferno:
Para lá sempre subo, preciso voar para alcançar;
Sou poeta, não sou santo.
Se almejo alguma santidade,
É aquela que faz revirginar os sentidos:
Preciso ser íntimo do meu próprio Inferno para isso.
Meu milagre é saborear um novo som
Degustar cheiros de minha nova língua subvertida,
Incompreendida.
Por vezes, relembro memórias minhas que não vivi
Por outras, experimento o veneno da minha sina
Minha sina é meu amargo remédio.
À minha sina eu escrevo um ignoto sim.
*Um poema meu que, hoje, dedico aos 160 anos de Rimbaud.
Cada poeta possui alguma coisa próxima da santidade. A quase-santidade de Rimbaud era ser íntimo
do próprio Inferno. Guardei esse ensinamento pra mim.
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